Caminhada
Sempre me interessei pelos assuntos
voltados a religião, desde minha adolescência. Tentei sem muito êxito, ler
inclusive o velho testamento sistematicamente, e algumas vezes, ia à loja na
Praça da Sé em São Paulo das edições Paulinas, onde podia comprar livros
relativos ao estudo de Jesus.
Católico praticante, pude realizar o
curso de Crisma na própria Catedral da sé, onde por permissão do padre
ministrador, permitiu-me até explanar assuntos teológicos aos participantes de minha turma.
O padre em questão me dizia: “- Você nasceu para ser padre”. Devo confessar que
meus conhecimentos eram um pouco acima do “normal” calcados no meu gosto incomum para os padrões da sociedade, e possuía certo
desembaraço para a oratória, mas..., nenhuma vocação sacerdotal. Nesta época, tinha
eu por volta dos 22 anos de idade.
Participei com muito orgulho do
movimento católico dos Cursilhos de Cristandade, onde fui inicialmente cursilhista e duas vezes posteriores como participante da equipe de
trabalhadores, onde uma vez nestes dois episódios, como palestrista.
Escolha do caminho a seguir... |
Lembro-me muitos anos depois, pelos
idos de 1990/91, residente em Barra dos Garças/MT, conversando com um colega de
profissão, e debatendo as ideias dele espiritistas, ocasião onde me aconselhou não deliberar e pré-julgar o que eu não conhecia.
Incomodado com as lacunas
incompreensíveis da Bíblia, ou ainda, das esfarrapadas respostas às inúmeras
interrogações que eram supostamente respondidas, aliado ainda à não aceitação dos dogmas
impostos, começou paulatinamente minha evolução em relação à compreensão da
religião.
Em minha época de faculdade, tinha
uma colega muito querida a Leleca (Maria Tereza), como a denominava. Retornando a residir em
São Paulo, pude novamente revê-la, e para minha surpresa, descobri-a médium
atuante, onde tomei as primeiras impressões sobre o espiritismo com ela, e conforme
sua sugestão, pus-me a ler o Livro dos Espíritos de Alan Kardec.
Foi para mim um espanto! Encontrava
afinidade com o conteúdo, sentia-me atraído e respondido em minhas indagações.
Daí para frente, vários livros espíritas foram se sucedendo à minha leitura,
desde livros de romance aos técnicos e doutrinários. Dentre os livros mais
preciosos para mim (em diferentes estados de cultura espírita desde meu
princípio até os dias de hoje), destaco “O Amor Venceu, “Os Rochedos São de
Areia”, “Exilados por Amor”, “Exilados de Capella” e o último que li atualmente “Legião”,
dentre tantos outros ótimos livros que pude saborear.
Neste meu início no espiritismo,
pude trabalhar voluntariamente num centro espírita localizado em Cumbica-Guarulhos/SP,
que também abrigava uma creche e cursos profissionalizantes humildes. Lá neste
centro, dirigido pela querida Lídia, pude tomar contato com grande realização
pessoal e alegria promovidas pela doação ao próximo, encarnado ou não.
Insistiu-se inicialmente em meu desenvolvimento mediúnico para incorporações,
mas não houve um bom resultado, até que me foi dada oportunidade de participar
como doutrinador nas seções de desobcessão. Esta última causa calafrios a
muitas pessoas que conheço, mas posso assegurar, foi uma época de realizações
imensuráveis para mim, onde não havia para minha compreensão, ausência de
respostas para a velha pergunta: “Por que estamos aqui e para que propósito?”.
Sentia-me feliz em participar na
pequena contribuição possível por minha parte, aos que estavam entre lágrimas e
sofrimento. Enxurradas de sentimentos compartilhados, apoio carinhoso e imenso
do plano espiritual da casa, fizeram em mim, grandes progressos.
Kardecista atuante, leitor assíduo,
cada vez mais pude me aprofundar nos mistérios do intercâmbio dos
encarnados/desencarnados e da doutrina espírita.
Muitos anos se passaram, e dentro do
motociclismo, conheci o Joel, que motociclista do grupo Carpe Dien de Moto Turismo,
convidou-me a participar das festividades de seu grupo de Umbanda, na praia de
Praia Grande/SP, por ocasião das festividades dedicadas a Nossa Senhora. Fui
respeitosamente nos anos acredito de 2007 e 2008, embora os rituais fossem para
mim, incompreensíveis e despropositados.
No início de 2011, num misto de
necessidade e curiosidade, compareci timidamente a uma reunião do grupo de
Umbanda que o meu amigo Joel faz parte, o "Centro Espírita Lar dos Pretos - Umbanda Cristã", no
município de Santo André/SP onde atualmente resido. Atualmente, eu e meu amigo Joel, participamos da equipe mediúnica do "Centro Espírita Águas de Oxum", também no município de Santo André/SP.
Seguidamente, com o convívio com o
grupo, os rituais e com os diálogos de seus participantes e mentores
espirituais, foram caindo um a um, os preconceitos angariados no “puro
kardecismo”, compreendendo seus rituais, apreciando sua música cadenciada e
energética, e principalmente, sorvendo com satisfação seus ensinamentos que em
absolutamente nada divergiam dos aprendidos nas casas e livros espíritas kardecistas.
Senti-me orientado, abrigado, e percebi
as errôneas visões preconceituosas que era na época condescendente.
Vivi novamente as experiências
carinhosas e positivas dos obreiros de Deus, em formatações agora diferentes,
mas com a mesma essência doutrinária e objetivos dos mentores espirituais
superiores. Agrada-me ainda, sobremaneira, participar da devoção e aprendizado
de Jesus, através da cultura brasileira, respirando e convivendo com nossas
raízes nacionais que de longe nos remetem à cultura africana.
Aprendi a respeitar e muito os Preto-Velhos,
Preta-Velhas, Cablocos, Orixás e principalmente os Exus. Exu é uma palavra que
promove arrepios e devaneios nas pessoas que não lhe conhecem, a essência e
trabalho deste Orixá. No último livro lido recentemente (“Legião” – Robson Pinheiro pelo
espírito Ângelo Inácio – editora Casa dos Espíritos), percebi a imensa
colaboração destes obreiros de Deus, a serviço de toda a criação Dele.
Divididos em sete categorias organizadas, os Exus promovem a proteção e
equilíbrio desde um indivíduo particular, até a transferência de espíritos do
nosso orbe e para ele. Na terminologia espírita kardecista, os Exus são os Guardiões.
Continua minha caminhada na
construção de minhas idéias e conhecimento do plano de Deus. Meu companheiro em
Mato Grosso não poderia estar mais certo, não devo julgar o que não conheço! E
quanto mais conheço, mais fico admirado com a beleza do serviço de amor
incondicional, do qual somos constantemente agraciados.
Os preconceitos e pré-julgamentos
são armadilhas que nos impedem de sermos mais completos. Lógico é que podemos e
devemos julgar e aquilatar o mundo que nos cerca, através de nossos valores intrínsecos,
mas notadamente, o respeito e a abertura a novas idéias e conhecimento, nos
impedem de ficarmos estagnados e detentores de visões somente parciais.
Literatura recomendada:
Literatura recomendada:
“Legião”, “Senhores da escuridão”, “A
marca da Besta” – trilogia pelo médium psicógrafo Robson Pinheiro e de autoria
do espírito Ângelo Inácio – Editora Casa dos Espíritos, e ainda da mesma
editora, psicógrafo e autor espiritual, os livros “Aruanda” e “Tambores de
Angola”. Todos estes livros a meu ver, necessitam que o leitor esteja
familiarizado com os aspectos e ensinamentos espíritas para serem melhor
compreendidos.
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