Finalidades da mediunidade...
O Espiritismo e a Umbanda existem para desenvolver médiuns?, por Jefferson Viscardi
Resposta de Jefferson Viscardi* a um pedido de esclarecimento.
Buscador:
Eu quero desenvolver minha mediunidade porque eu sei que tenho a
capacidade de aprender mais e mais com as entidades e também porque
Padilha e Tranca Ruas já me ajudaram muito e eu quero em troca ajudar as
pessoas. Quero mostrar que a Umbanda é bonita e o terreiro é humilde.
Quero colocar as pessoas no caminho certo! O que devo fazer?
Jefferson Viscardi: Há
tanto que eu gostaria de falar a esse respeito, mas acredito que não é o
momento. Nossos sentimentos ainda estão muito destreinados para olhar a
realidade sem as cores, odores e sons fabulosos que nossa mente faz
crer existirem ao ego. Se o fizesse, correria o risco de ativar gatilhos
condicionados que em troca me valeriam mais indisposição de quem lê do
que amizade. E essa deixaria de ser uma comunicação harmoniosa.
Nossa
sociedade vive entoxicada de egoísmo, individualismo e hipocrisia. A
hipnose é tão óbvia que, estando bem na nossa frente, não conseguimos
ver o nosso nível de apego à personalidade. É o famoso elefante na sala!
Eu disse “vive entoxicada” porque ser individualista e egoísta, agir
com hipocrisia, faz parte do plano da vida em um planeta de provas e
expiações, onde Deus nos impõe a encarnação nestes termos, sem dar
qualquer chance, a qualquer um de nós, de agir diferentemente.
Você
disse: “eu quero desenvolver minha mediunidade”. Pois bem, depois dessa
caminhada de mais de 700 horas de diálogo com os espíritos, chegou à
minha atenção, por meio dessas mesmas entidades tão amadas por todos
nós, sólidas informações que podem desafiar nossa vaidade
substancialmente. São divididas em duas partes. Primeira, mediunidade
não se desenvolve. Segunda, Espiritismo e Umbanda não existem para
desenvolver médiuns.
A
mediunidade não se desenvolve porque é uma predisposição determinada
para a sua encarnação. Serve para que você cumpra o papel que lhe cabe
nas obras da Criação. Quem é médium teve essa faculdade antecipada na
sua programação de encarnação. O dogma da reencarnação é um pilar da
doutrina espírita.
O
médium, quando vai “desenvolver”, já sabe que existiu antes e que sua
vida na carne está toda amparada pela espiritualidade. Quando chegar o
seu momento, a pessoa sentirá, de alguma forma, a influência dos
espíritos e será por eles próprios encaminhada a estar na hora certa, no
lugar e com as pessoas e livros certos para compreender o que ocorre
consigo.
O
que acontece muito é que queremos pular o estágio de deixar o telefone
tocar de lá parar cá! Queremos o que não temos e dispensamos o que
temos, desvalorizando as dádivas do presente, desejando o que não temos.
Nós
sequer nos preocupamos em agradecer o tempo e os recursos alocados em
nosso favor parar curar urgentemente as nossas feridas abertas e ainda
tão expostas. Como se em outro parque de diversões, aventuramo-nos a nos
concentrar para incorporar quando não estamos sentindo nada.
No
lugar de silenciar a mente e aguardar o comando da espiritualidade,
lançamo-nos as mais incríveis bizarrices para o bendito espírito acoplar
de uma vez. Não são raros os casos em que temos que ir fazendo o papel
dos dois até ele decidir baixar, porque, afinal de contas, a
personalidade tem sua agenda, não pode esperar o tempo de Deus e
considerar que seu dom possa ser outro.
Agimos,
assim, para satisfazer nossa vontade de ajudar, de retribuir e fazer o
bem. Isso significa que nosso propósito é satisfazer uma agenda pessoal e
ignoramos esse desejo convenientemente em favor do progresso em direção
ao objeto de nosso querer: ser o médium desenvolvido que ajuda e faz o
bem. Isso não é espiritismo ou Umbanda. Isso é o humano sendo humano
,vivendo suas provas e reprovando indiscriminadamente, repetidas vezes,
com a maior indiferença!
O
oposto disso é dizer: “Senti. Sei que sou médium. Estou aqui. Seja
feita sua vontade! Se for levado a um terreiro, centro espírita, sanga,
ilê, ótimo. Se não, ótimo igual! Deus é que sabe! Se incorporar,
incorporou. Se não incorporar, não incorporou. Tanto faz.”
Qual
o propósito da mediunidade? Tem o mesmo fim de que sua encarnação. É
uma imposição com o fim de fazer o espírito chegar à perfeição. A alma
quer conhecer a si própria, viver suas provas e expiações realizando, ao
mesmo tempo, sua missão. Sua missão não é ajudar, gozar da companhia
dos espíritos, nem salvar pessoas, retribuir favores, ser o messias, o
mártir, a criança índigo ou cristal. É uma grande missão ser a prova e a
expiação de quem quer que seja que vier a entrar em contato com sua
existência, não concorda? É uma grande missão superar os ditames do
apego à personalidade para com o que sua mente criar e seu ego acreditar
ser favorável para seu benefício, não é?
Finalizando
nossos estudos, vamos visitar estes dois pontos. Você disse: “Quero
mostrar que a Umbanda é bonita e o terreiro é humilde. Quero colocar as
pessoas no caminho certo!”. No fundo, não é isso que queremos. A vontade
real é de nos servirmos das pessoas para satisfação egoísta,
individualista e hipócrita. É exatamente isso que mais crucificamos nos
sofredores que se manifestam: o vampirismo!
Não
precisamos mostrar que o belo é belo; que nossa religião é bonita e
humilde. Todo agrupamento espiritual emana o que representa a conduta
real do conjunto de seus integrantes. No momento certo e se for o
caminho daquele espírito de outro discernimento religioso, ele verá essa
obra magnífica de Deus, que não passa de mais um caminho, e reconhecerá
como belo, verdadeiro e útil. Se não for o caminho dele, não
acontecerá! Nada poderemos fazer para mostrar, quando sequer vemos e
vivemos aqueles princípios.
Essa
resistência quanto a depender do outro existir em conformidade com
nossas exigências, para estarmos em paz, é exatamente a prisão para cujo
despertar nos convidam todas as religiões: o apego.
Quanto
a colocar as pessoas no caminho certo, isso é impossível! Os próprios
espíritos e os filósofos já nos informaram que não existe caminho, e
muito menos ‘caminho certo’. O mundo material é apenas fluido cósmico
universal que nossa mente interpreta como verdadeiro e material, onde
nada existe.
O
que existe é a prova para a reforma íntima, que consiste exatamente em
ver a realidade como um espírito encarnado em viagem imaginária; o que
existe é a expiação e a missão; a depuração na mudança de paradigma. Não
existe um encarnado que vive onde a realidade acontece. Onde há
consciência, há uma personalidade decodificando a ilusão com a qual seu
espírito se encontra mentalmente hipnotizado, passando suas provas para a
final desidentificação. Já ouviu falar de alguém que disse: “Eu venci o
mundo”? Acredito que é por aí.
As
nossas crescentes necessidades nos fizeram projetar no sagrado as
paixões humanas. O tormento que isso causa é o inferno cujo fogo
alimentamos diariamente com intencionalidades e apego. Vivemos de
sistemas de crenças engatilhados perfeitamente para causarem as provas
que por Deus nos foram confiadas para suportar e superar. Dói, mas,
quanto antes aceitamos isso, antes deixamos de buscar ser o que nunca
seremos: seres plenos, imortais e reais. Isso só nosso espírito liberto
dos sete planos pode ser.
No
lugar de treinar, cada dia, para reconhecer a ilusão das aparências e a
efemeridade das paixões, circunscrevemos nossas investidas ao ambiente
infantil do ser mimado e magoado que chora por atenção, rebelde que não
quer amadurecer porque a verdade não tem graça e consiste em deixar
morrer o que nunca existiu. No fundo, o que buscamos é mais festa,
irresponsabilidade, satisfação. Entrega ou atenção plena correta são
secundárias para nós, até quando o assunto é o sagrado, o eterno em nós.
*Jefferson
Viscardi é autor, coach e palestrante; bacharel em Filosofia e doutor
em Ciências da Metafísica; Produtor do projeto humanitário Diálogo com
os Espíritos: www.dialogocomosespiritos.com
Fonte: https://jornalggn.com.br/noticia/o-espiritismo-e-a-umbanda-existem-para-desenvolver-mediuns-por-jefferson-viscardi (13/10/2017 14:49h)
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